Quem sou eu?

António era médico, trabalhava num hospital central, 43 anos, divorciado, dois filhos, viva exclusivamente para a sua carreira. Conhecido como um dos melhore médicos que já tinha passado por aquele hospital. Altamente profissional, não deixava nada ao acaso. Ricardo 43 anos passava a vida a infernizar a vida dos outros, preso por posse de arma ilegal e assalto à mão armada eram apenas alguns registos na sua extensa lista de proezas. João gestor de sucesso numa grande empresa nacional 43 anos, bem casado, sem filhos, colecionava amantes pelos vários sítios onde passava e fazia questão de se gabar para os amigos mais chegados. Filipe, Filipe, chamava o enfermeiro numa voz bem calma para o homem que se encontrava sentado à sua frente. Filipe acorda um pouco assustado quando dá de caras com o enfermeiro que o chamava, Filipe certo? Perguntou o enfermeiro. Vou apresentar-lhe o serviço, continuou, seja bem vindo à nossa casa de saúde, sei que é o primeiro dia que aqui está, Filipe ainda um pouco assustado tenta levantar-se, mas está trémulo, claro que lhe deram tranquilizantes, pensa ele. O enfermeiro continua calmamente o seu discurso mas desta vez Filipe já não quer ouvir e tenta saltar para cima do Enfermeiro, com tanto aparato, dois auxiliares correm na direcção deles para os separarem, até que Filipe cai no chão imobilizado, e depois já só se lembra de uma breve conversa do enfermeiro com os auxiliares antes de adormecer que o deixou aterrado, se ele tinha ouvido bem, o que eles disseram é que ele sofria de uma patologia de transtorno de identidade. O enfermeiro levou-o para o quarto e na ficha clínica confirmava-se, Filipe era uma junção de três identidades, António, Ricardo e João. Ele sofria desta patologia desde muito novo, e já tinha passado por imensas casas de saúde. Nunca teve um trabalho certo.

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