O Zé do Boné

Paulo, mais conhecido como Zé do Boné. Arrumador de carros profissional, 34 anos, toxicodependente. Gabava-se de ser o melhor arrumador de carros na cidade. Trabalhava aliás no seu parque , era conhecido por toda a gente e toda a gente gostava dele. Paulo era sempre simpático, e dizia sempre que preferia arrumar os carros e sentir-se útil, do que andar atrás das pessoas a pedir dinheiro. Ao menos dessa forma podia fazer alguma coisa e quando tinha sorte lá recebia umas moedas de recompensa. Paulo era alegre por natureza e só nos dias de ressaca ficava mais sisudo, contudo tentava ser feliz, mesmo com o vicio que lhe ia comendo o corpo aos poucos. Todas as moedas que conseguia iam directamente para o vicio mas nem sempre Paulo foi assim. Tinha crescido numa boa família, com bastante dinheiro por sinal, foi o maior desgosto que ele podia ter dado ao pai. Na verdade Paulo sempre esteve muito consciente dos passos que dava e sabe também os erros que cometeu mas simplesmente não consegue nem quer deixar a toxicodependência. Por isso todas as manhãs lá vai ele, boné na cabeça, isqueiro no bolso de trás das calças, e todo aquele parque de estacionamento é dele. Quando a noite cai o caminho inverso com várias doses já consumidas no seu corpo cada vez mais magro mas o sorriso, o sorriso vai-se mantendo a cada passo mais vazio da sua vida.

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