Confissões de um agarrado

Foram anos de consumo agora já nem consigo ver o rumo certo das coisas, já não consigo dormir, comer ou fazer seja o que for. Durante anos a fio tratei mal o meu corpo, afastei amigos, familiares e fingi-me de morto. Durante anos tentei suicídio, tentei desiludir o máximo de pessoas possíveis, durante anos fiquei agarrado a um vício que me tirou a alegria de tudo que me deixou preso e mudo. Transfigurei a realidade via a mentira onde era verdade, via hipocrisia e insanidade, durante anos fui cobarde, antipático, presunçoso, enigmático. Foram anos de consumos pesados onde os sentimentos ficaram guardados quase esquecidos, foram anos perdidos, queimados. Fiquei sem ninguém, ao meu redor só agarrados, só mentirosos e desinteressados, querem-me ver afundar como eles, querem-me ver patinar como eles. Egoístas, estúpidos, fui tão cego, fui tão burro. Foram anos de consumo onde me destruí sem perdão, agora resta-me apenas conseguir chegar a outro dia para espetar a agulha na mão.

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