A partida

Lembro-me do teu nome, da tua força, do teu rosto. Lembro-me como costumavas ensinar-me, com todo o tempo do mundo. Deste-me sempre tudo, tudo o que podias dar, só não tinhas mais tempo e isso não podias mudar. Tentavas roubar horas, inventavas o que fosse preciso para estares comigo, guiavas-me por entre este caminho tão sinuoso e escuro que é a vida.
A vida acabou por esgotar por entre os teus dedos, em vão foram os meus medos, fiquei sozinho, fiquei sem chão. A verdade de tudo isto é que nunca existe uma razão. A vida esgotou-se para ti, a morte tombou-te, levou-te para bem longe daqui. Nessas tantas vezes que me sinto sozinho, posso jurar que sinto o teu cheiro, que sinto os teus dedos a endireitar-me o caminho.

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