O despertador tocou

Cinco da manhã e o despertador toca, ela levanta-se todos os dias à mesma hora de domingo a domingo, faz o pequeno almoço para os filhos, toma banho, veste-se e às seis da manhã já bate pernas na rua ainda escura e fria. A roupa é pouca nem chega para cobrir do frio que se faz sentir mas não há dinheiro para mais, primeiro estão os filhos. Trabalhava nas limpezas não ganhava muito mas não se podia dar ao luxo de não trabalhar. O dia para ela só acabava às 22, no saco levava duas sandes com manteiga para comer. Nos últimos dias sentia-se anormalmente cansada, tossia cada vez mais e da ultima vez até acabou por cuspir sangue, sentia uma dor aguda a respirar mas mesmo assim trabalhava sem parar, precisava do dinheiro para comprar comida para os filhos. Ela já só pensava em chegar a casa e deitar-se na cama que dividia com os dois filhos, tinha medo de um dia não acordar, tinha medo de morrer, esse medo paralisava-a.
Cinco da manhã o despertador toca e toca sem parar, ouvem-se os gritos acompanhados de um choro, o despertador não se desliga ela não acorda.

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