Sem abrigo

Não tenho nome nem cartão de cidadão, durmo na rua e a minha cama é de papelão. Não tenho identidade ou família, não tenho trabalho nem companhia, a policia de manhã corre-me à bastonada, os mais jovens à pedrada. Quando chove a minha alma é lavada, comida só se for enlatada e dada por quem tem coração e me consegue olhar nos olhos, às vezes tenho direito a um abraço mas essas demonstrações de afecto são cada vez mais raras e eu sinto cada vez mais balas nas mãos das pessoas que passam e gritam comigo a dizer que não quero é trabalhar, que sou um malandro que devia desaparecer mas eu acho que nem apareço, eu acho que já ninguém repara em mim, eu já faço parte do passeio sou um sem abrigo, sem nome, sem corpo e sem direitos, sou um sem abrigo sem direito a nada. Às vezes ainda fecho os olhos e penso em sonhar, sonho com comida, afecto e um lar mas logo de seguida estou acordar com um pontapé de uma bota escura vida de sem abrigo não é vida é morte dura.

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