Velho

Velho, gasto, corpo usado, abusado, mastigado, cilindrado por todas as horas de trabalho sem ver uma única luz ao fundo do túnel. Velho, depois de tantos anos que passaram sem conseguir segurar o melhor da vida, sem perceber que não tinha saída. Depois de tantas horas fechado em ginásios, barbeiros, discotecas, salas, depois de me deitar em tantas camas, quartos e trocar uma infinidade de corpos sem nunca os possuir verdadeiramente, sinto-me um velho e pior que este sentimento é ser velho tanto por fora como por dentro.
Agora já me resta pouco, já me resta pouca gente a quem falar, olhar e tentar alcançar uma cumplicidade quase perfeita, agora sou apenas um velho, mais um velho, abandonado, arrumado num canto com vergonha de olhar para a cara de espanto quando me tento apreciar em frente a um espelho.